terça-feira, 23 de novembro de 2010

Síndrome Da Falta D'Água: 80% de realidade e 20% de ficção


Para além do livro já aqui referido "Dos pântanos à escassez: uso da água e conflito na Baixada dos Goytacazes" também gostaríamos de vos sugerir este livro intitulado de: "Síndrome Da Falta D'Água: 80% de realidade e 20% de ficção" de José Bedran Simões. Esta obra também é muito importante pois, o autor reúne episódios da experiência urbana proporcionada pela falta de abastecimento de água e traça o perfil de uma síndrome onde os habitantes das cidades lavam a alma ao poder sustentar, perante o poder público, o seu elenco de motivos para compor a dor e a delícia de serem o que são - citadinos.

Dos pântanos à escassez: uso da água e conflito na Baixada dos Goytacazes


Recomendamos aos nossos leitores este magnifico livro de Paulo Roberto Ferreira Carneiro intitulado de "Dos Pântanos À Escassez: Uso de água e conflito na Baixada dos Goytacazes" que retrata os conflitos em torno do uso da água na baixada dos Goytacazes, no norte do estado do Rio de Janeiro, oferecendo um esquema analítico alternativo ao da literatura técnica especializada, que atribui tais conflitos à escassez objectiva do recurso hídrico. O autor demonstra que os conflitos pelo uso da água não decorrem apenas da luta pelo recurso escasso, mas das condições jurídico-políticas específicas de regulação e das formas culturais subjacentes aos diferentes modos de apropriação da água. Traz para a discussão as relações de poder e dominação subjacentes, evidenciando os diferentes projectos sociais e culturais em disputa.

Mundo árabe tem países mais vulneráveis à mudança climática

BEIRUTE (Reuters) - Tempestades de areia ocorrem no Iraque, grandes enchentes assolam a Arábia Saudita e o Iêmen, o aumento do nível dos oceanos corrói a costa do Egito, o tempo quente e seco piora a escassez de água no Oriente Médio, que é a região mais carente do mundo nesse aspecto.

O mundo árabe já está sofrendo impactos coerentes com as previsões das mudanças climáticas. Embora cientistas estejam cuidadosos na hora de ligar eventos específicos ao aquecimento global, eles estão exortando os governos árabes a agir rapidamente para proteger os países de potenciais desastres.

Há grandes variações na emissão de gases causadores do efeito estufa na região, com taxas muito altas em várias nações produtoras de petróleo e gás. O Catar, por exemplo, possui o recorde mundial de emissões per capita, com 56,2 toneladas de dióxido de carbono em 2006, enquanto os egípcios emitiram apenas 2,25 toneladas cada um, mostraram dados da ONU (Organização das Nações Unidas).

Para Mohamed El-Ashry, ex-chefe do Fundo Global para o Meio Ambiente, uma instituição que ajuda os países em desenvolvimento nas questões climática e ambiental, a região não pode ficar inativa em relação a esses problemas. "É da natureza humana esperar até que haja uma crise, para aí sim agir", afirmou. "Mas você detesta esperar até que haja uma crise realmente grande, com um enorme número de pessoas sofrendo desnecessariamente."

Medidas para sanar os problemas ambientais na região também ajudarão a compensar futuros impactos no aquecimento global.

"Avaliar a questão da água, dizem, teria o benefício duplo de responder às questões da mudança climática, mas também avaliar os problemas que resultam do crescimento populacional, das administrações ruins e das fracas instituições relacionadas ao assunto da água," afirmou Ashry.

A população do mundo árabe triplicou desde 1970, para 360 milhões de pessoas. Em 2050, esse número chegará a quase 600 milhões, de acordo com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

A escassez de água, o maior desafio da região, já é imensa. Até 2015, os árabes terão de sobreviver com menos de 500 metros cúbicos de água por ano, um nível classificado como escassez severa diante de uma média mundial de mais de 6.000 metros cúbicos por habitante.

Esse alerta foi dado em um relatório do Fórum Árabe para o Ambiente e o Desenvolvimento (Afed), que disse que as reservas de água na região caíram a um quarto dos níveis de 1960.

As mudanças climáticas agravarão a crise em uma região onde as temperaturas podem subir dois graus Celsius nos próximos 15 ou 20 anos e em mais de quatro graus até o final do século, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.

A escassez de água e o aumento do nível dos oceanos são uma realidade, mas a conscientização pública no mundo árabe está atrasada.

"As pessoas ainda não estão cientes desses impactos," afirmou o secretário-geral do Afed, Najib Saab. "Quando você fala de mudanças climáticas, eles acham que o impacto será na lua ou em outros países."

Líderes árabes lidam com a situação da água de forma séria, mas muito frequentemente deixam a questão das mudanças climáticas para os ministros do Meio Ambiente.

"Os ministros do Meio Ambiente são frequentemente os mais fracos nesses países", afirmou Habib Habr, diretor regional do Programa da ONU para o Meio Ambiente. "As políticas estão lá, mas geralmente o que vemos é a falta de implementação ou execução da lei."

Em uma região cheia de conflitos e comandada por governantes irresponsáveis e elites que servem apenas a si próprias, as distrações políticas levam as mudanças climáticas e outros assuntos sociais para a parte de baixo da lista de prioridades, embora a Tunísia, a Jordânia e o Omã sejam mais ativos que a média.

in O Globo, 2010/11/14

domingo, 27 de junho de 2010

Dia Mundial da Água 2010

Nascido em 1993 por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), esta efeméride propõe todos os anos um tema diferente sobre o qual se realizam actividades que visam promover a consciencialização tanto da população com dos governos para problemas relacionados com os recursos hídricos.Os países em vias de desenvolvimento são este ano os mais visados, pois são também os que mais sofrem com a falta de água potável. Na sua mensagem oficial para este Dia, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, sublinha a ligação da preservação dos recursos hídricos com os objectivos das Nações Unidas.“A água é o elo que une todos os seres vivos do planeta e está ligada directamente aos objectivos das Nações Unidos: melhorar a saúde materna e das crianças, a esperança de vida, a emancipação das mulheres, o desenvolvimento sustentável, bem como a adaptação e a atenuação das mudanças climáticas”.



Ban Ki-moon, secretário-geral da ONUNo entanto, diz Ban Ki-moon, os recursos hídricos estão cada vez mais vulneráveis e ameaçados. Todos os dias e um pouco por todo o mundo “milhões de toneladas de esgotos sem tratamento e resíduos industriais são agrícolas despejados em sistemas de água”.

A água potável está, assim, a tornar-se cada dia mais escassa e com as mudanças climáticas a situação tende a piorar. “Os pobres continuam a ser os primeiros a sofrer com a poluição, a escassez de água e a falta de saneamento adequado”, afirma Ban Ki-moon.O tema deste ano vem sublinhar que tanto a qualidade como a quantidade dos recursos hídricos estão em risco. Mais pessoas morrem “devido à utilização de água não segura do que devidao às várias formas de violência, incluindo a guerra”.«Millennium Development Goals»Até 2015, a ONU integra o tema dos recursos hídricos nos seus Objectivos de Desenvolvimento do Milénio («Millennium Development Goals»), com várias metas a atingir até 2015.Pretende-se, assim, assegurar a sustentabilidade ambiental através da integração dos princípios de desenvolvimento sustentável nas políticas e nos programas de cada país, bem como inverter a tendência de perda de recursos ambientais e de biodiversidade.Pretende também reduzir para metade, até 2015, a proporção da população sem acesso a água potável e saneamento básico e reduzir para dois terços a mortalidade infantil e a incidência de doenças como a malária.

Tarifas de Água penalizam famílias mais numerosas

Os deputados socialistas apresentaram, na Assembleia Municipal de Almada, uma moção com vista à criação da tarifa familiar no consumo doméstico de água para não penalizar os agregados familiares maiores, como já sucede em vários concelhos do País. Mas a maioria comunista chumbou a proposta, decisão fortemente contestada pelo PS e pela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas.

Segundo explicou ao DN o deputado municipal Ruben Raposo (PS), "a ideia é escalonar o preço da água em função do número de elementos que residem em cada habitação. O tarifário normal não tem em conta a dimensão das famílias numerosas, prejudicando os consumos mais elevados por residência".

Na sua opinião, "a política tarifária normal, actualmente praticada pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Almada, visa penalizar os consumos excessivos. Uma medida sensata, pois o desperdício deve ser combatido. Mas o facto de não considerar os agregados familiares para tarifar o consumo doméstico subverte por inteiro essa política e faz com que paguem mais não os cidadãos que esbanjam mas sobretudo as famílias mais numerosas".
"Tendo em conta que se considera, a nível internacional, como consumo normal de água por utente, 120 litros diários, obtém-se a média de 3600 litros mensais, ou seja, 3,6 metros cúbicos por mês [m3/mês]", referiu o deputado socialista.

E exemplificou com o caso de "uma família constituída por um casal e três filhos em que cada utente tenha esse consumo-padrão. O consumo será de 18 m3/mês, fazendo essa família pagar uma factura com in- cidência no 3.º escalão (mais de 15 m3), suportando um custo por metro cúbico 63% mais elevado do que um utente individual" (ver infografia).
Por isso mesmo, Ruben Raposo considera "imperioso que se corrija esta flagrante injustiça de as famílias continuarem a pagar a água tanto mais cara quanto maior for a dimensão do agregado".
"Encher a piscina da vivenda"

Sobre estas questões, o porta-voz dos deputados municipais da CDU, Sérgio Taipas, diz ser "importante perceber que a proposta de reduzir o preço da água em função da família tanto serve para pagar a água à família que tem dificuldades em pagar seja o que for como para encher a piscina da vivenda de quem pode pagar muito mais". E salienta que "a Câmara de Almada pratica há muito tempo uma política, essa sim, socialmente justa. Porque há muito tempo que aqueles que têm rendimentos menores - sejam famílias grandes ou pequenas - são isentos do pagamento de 50% da água, desde que tenham um rendimento per capita igual ou inferior ao salário mínimo nacional".

A moção apresentada pelo PS foi rejeitada por maioria, com 34 votos contra (de eleitos da CDU e do Bloco de Esquerda) e 17 votos a favor (de eleitos do PS e PSD).

in Diário de Notícias, 2006/14/21